O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta a memória, o pensamento e o comportamento, sendo a causa mais comum de demência em adultos mais velhos. Um dos temas mais importantes e discutidos é se o Alzheimer é hereditário em sua origem, ou seja, se a genética desempenha um papel crucial em seu surgimento. Embora o Alzheimer tenha diversas causas e fatores de risco, um componente genético claramente identificado contribui para o risco de desenvolvê-lo, ainda que nem todos os casos sejam hereditários no sentido tradicional.
O que é o Alzheimer?

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela perda progressiva de neurônios em determinadas áreas do cérebro, o que leva a um grave comprometimento cognitivo e, eventualmente, à perda de funções básicas. Os sintomas geralmente começam de forma sutil, com esquecimentos ou dificuldades para realizar tarefas cotidianas, e progridem para uma demência avançada que afeta não apenas a memória, mas também a capacidade de se comunicar, raciocinar e tomar decisões.
O Alzheimer é a forma mais comum de demência, e sua prevalência aumenta com a idade. Embora possa começar antes dos 65 anos, é mais frequente em pessoas mais velhas. Essa doença tem um impacto profundo tanto nos pacientes quanto em seus familiares e cuidadores, e as causas subjacentes ao seu desenvolvimento têm sido foco de intensa pesquisa.
Tipos de Alzheimer: Alzheimer de início tardio e Alzheimer familiar de início precoce
Existem dois tipos principais de Alzheimer, diferenciados pelo momento de aparecimento da doença e pela sua relação com os fatores genéticos.
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Alzheimer de início tardio: Este é o tipo mais comum de Alzheimer e geralmente se manifesta após os 65 anos. Embora os fatores genéticos influenciem o risco de desenvolver essa forma da doença, ela não é diretamente hereditária na maioria dos casos. Seu aparecimento costuma estar relacionado a uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida, como idade avançada, hipertensão, diabetes e nível educacional. As pesquisas identificaram vários genes que podem influenciar o risco de Alzheimer de início tardio, sendo o gene APOE um dos mais importantes.
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Alzheimer familiar de início precoce (FAD): Trata-se de uma forma rara de Alzheimer, representando menos de 5% dos casos. Essa variante tende a surgir antes dos 65 anos, às vezes até na quarta ou quinta década de vida. Diferentemente do Alzheimer de início tardio, o FAD é hereditário e segue um padrão autossômico dominante, o que significa que, se um dos pais portar uma mutação em determinados genes, há 50% de probabilidade de que o filho desenvolva a doença. Os genes envolvidos no FAD incluem:
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Presenilina 1 (PSEN1)
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Presenilina 2 (PSEN2)
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Proteína precursora amiloide (APP)
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Fatores genéticos do Alzheimer de início tardio: o papel do gene APOE
No caso do Alzheimer de início tardio, a genética continua sendo um fator importante, embora mais complexo do que no FAD. O gene APOE (Apolipoproteína E) é o principal fator genético de risco identificado. Existem várias formas (alelos) do gene APOE, e a variante mais fortemente associada a um maior risco de Alzheimer é o APOE-ε4. Indivíduos que herdam uma cópia do APOE-ε4 de um dos pais têm um risco aumentado de desenvolver Alzheimer de início tardio, enquanto aqueles que herdam duas cópias apresentam um risco significativamente maior. No entanto, é importante destacar que nem todos os portadores desse alelo desenvolvem a doença, o que sugere que o APOE-ε4 é um fator de risco, mas não uma causa direta.
Outros genes, embora com menor influência, também foram identificados como fatores de risco para o Alzheimer de início tardio, e as pesquisas continuam a descobrir como eles interagem com fatores ambientais e de estilo de vida.
O Alzheimer é sempre hereditário?
A resposta curta é não, nem sempre. Embora as mutações genéticas herdadas sejam responsáveis por alguns casos de Alzheimer, especialmente no FAD, a maioria dos casos de Alzheimer não se deve exclusivamente à herança genética. O Alzheimer de início tardio, que representa a maior parte dos casos, tem uma base genética mais complexa e é influenciado por múltiplos fatores não genéticos.
Doenças multifatoriais: O Alzheimer, especialmente o de início tardio, é uma doença multifatorial. Isso significa que seu desenvolvimento é influenciado por uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. A idade avançada continua sendo o fator de risco mais forte, e outros fatores, como hipertensão, obesidade, diabetes e tabagismo, também desempenham um papel importante em seu desenvolvimento.
Histórico familiar e risco: Embora ter um familiar de primeiro grau com Alzheimer aumente o risco de desenvolver a doença, isso não significa que ela seja hereditária em todos os casos. Embora genes como o APOE-ε4 possam aumentar a suscetibilidade, eles não são determinantes da doença. Em famílias sem histórico conhecido de Alzheimer precoce, o risco herdado geralmente é baixo.
Pesquisa sobre Alzheimer hereditário e genética
A pesquisa sobre se o Alzheimer é hereditário avançou significativamente nas últimas décadas. Os estudos genéticos proporcionaram uma melhor compreensão dos mecanismos biológicos subjacentes à doença. Além dos genes PSEN1, PSEN2 e APP no FAD, e APOE no Alzheimer de início tardio, estudos de associação genômica ampla (GWAS, na sigla em inglês) identificaram outros genes relacionados ao risco de desenvolver Alzheimer.
Uma área emergente de pesquisa é a análise de como os fatores ambientais e de estilo de vida, como a alimentação e a atividade física, podem interagir com os fatores genéticos para influenciar a progressão do Alzheimer. A epigenética, que estuda como fatores externos podem modificar a expressão gênica sem alterar a sequência do DNA, é um campo promissor na busca por tratamentos preventivos e personalizados para a doença.
Prevenção e tratamento do Alzheimer relacionado à genética

Até o momento, não existe cura para o Alzheimer, mas os estudos genéticos têm permitido avanços no desenvolvimento de tratamentos potenciais, especialmente em relação às formas hereditárias da doença. Por exemplo, ensaios clínicos que investigam inibidores da beta-amiloide são direcionados a pessoas com mutações genéticas conhecidas que as predispõem a desenvolver Alzheimer precoce.
Em termos de prevenção, foi demonstrado que adotar um estilo de vida saudável pode reduzir o risco de Alzheimer, mesmo em pessoas com predisposição genética. Isso inclui manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios regularmente, controlar os fatores de risco cardiovascular e manter a estimulação cognitiva e social ao longo da vida.
Conclusão
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa complexa que, em alguns casos, tem uma forte relação com a genética, particularmente em sua forma de início precoce, que é altamente hereditária. No entanto, a maioria dos casos de Alzheimer é de início tardio e, embora existam fatores genéticos de risco, como o gene APOE-ε4, a doença em si não é completamente hereditária. A genética pode aumentar o risco, mas não é o único fator envolvido.
A pesquisa continua revelando as complexidades da relação entre o Alzheimer e a herança genética, abrindo caminho para tratamentos mais personalizados e estratégias de prevenção mais eficazes. Embora não possamos controlar nossos genes, adotar um estilo de vida saudável e estar atentos aos fatores de risco pode ajudar a reduzir a probabilidade de desenvolver a doença.
Portanto, embora o Alzheimer possa ter um componente hereditário, ele não é determinista na maioria dos casos, e compreender os fatores genéticos juntamente com os ambientais e de estilo de vida é fundamental para enfrentar e prevenir essa doença devastadora.
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