A atrofia de múltiplos sistemas (AMS) é uma doença neurodegenerativa rara e progressiva que afeta principalmente o sistema nervoso autônomo e, em alguns casos, outras áreas do cérebro. Caracteriza-se pela degeneração de diferentes regiões encefálicas, incluindo o cerebelo, os gânglios da base e o tronco encefálico. Como consequência, a atrofia de múltiplos sistemas leva a alterações no controle do movimento, disfunção autonômica e outros sintomas.
Existem dois subtipos principais de atrofia de múltiplos sistemas:

Atrofia de múltiplos sistemas tipo parkinsoniana (AMS P)
A atrofia de múltiplos sistemas tipo parkinsoniana (AMS P) é uma doença neurodegenerativa caracterizada pela degeneração progressiva de diferentes áreas do cérebro responsáveis pelo controle do movimento. Os sintomas iniciais da AMS P costumam ser semelhantes aos da doença de Parkinson idiopática, o que pode dificultar o diagnóstico diferencial nas fases iniciais da condição.
Os sintomas típicos da atrofia de múltiplos sistemas P incluem:
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Rigidez muscular: Os pacientes podem apresentar rigidez muscular em todo o corpo, o que pode dificultar os movimentos voluntários e causar dor e desconforto.
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Tremores: Os tremores, especialmente nas mãos, braços ou pernas, são comuns na atrofia de múltiplos sistemas P. Esses tremores costumam ser mais evidentes em repouso e podem diminuir durante o movimento.
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Bradicinesia: A bradicinesia corresponde à lentidão nos movimentos voluntários. Pacientes com AMS P podem ter dificuldade para iniciar e completar movimentos, o que compromete a realização de tarefas cotidianas.
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Alterações de equilíbrio e coordenação: A degeneração das áreas cerebrais envolvidas no controle do equilíbrio e da coordenação pode levar a dificuldades para manter-se em pé e executar movimentos coordenados, aumentando o risco de quedas.
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Transtornos da fala: A disartria, ou dificuldade para falar, é comum na AMS P e pode manifestar-se como fala arrastada, pouco inteligível ou monótona.
À medida que a doença progride, os pacientes com atrofia de múltiplos sistemas P podem desenvolver sintomas adicionais, incluindo disfunção autonômica, que afeta funções involuntárias como a pressão arterial, a frequência cardíaca e o funcionamento intestinal e vesical. Problemas urinários, como dificuldade para iniciar ou interromper o fluxo urinário, e hipotensão ortostática (queda da pressão arterial ao ficar em pé) são comuns nessa fase.
O tratamento da atrofia de múltiplos sistemas P concentra-se no manejo dos sintomas e pode incluir medicamentos para controlar os problemas motores, terapia física e ocupacional para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida, além de medidas voltadas para lidar com os problemas autonômicos e outros sintomas associados. É importante considerar que a AMS P é uma doença progressiva e atualmente não possui cura, portanto o tratamento tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e manter a funcionalidade ao longo da evolução da condição.
Atrofia de múltiplos sistemas tipo cerebelar (AMS C)
A atrofia de múltiplos sistemas tipo cerebelar (AMS C) é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente o cerebelo, uma região do cérebro que desempenha papel essencial no controle do equilíbrio, da coordenação motora e de outras funções motoras refinadas. Diferentemente da AMS P, em que os sintomas iniciais se assemelham aos da doença de Parkinson, os pacientes com AMS C apresentam predominantemente sintomas relacionados à disfunção cerebelar desde as fases iniciais da condição.
Os sintomas típicos da atrofia de múltiplos sistemas C incluem:
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Problemas de coordenação: Pacientes com atrofia de múltiplos sistemas C apresentam dificuldades para coordenar movimentos finos e precisos, o que pode manifestar-se como falta de destreza ao realizar tarefas como escrever, abotoar roupas ou manipular objetos pequenos.
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Dificuldades de equilíbrio: A degeneração do cerebelo compromete o controle do equilíbrio, podendo causar instabilidade ao ficar em pé ou caminhar e aumentando o risco de quedas.
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Movimentos oculares anormais: A disfunção cerebelar pode provocar movimentos oculares involuntários e irregulares, como nistagmo (movimentos rápidos e incontroláveis dos olhos) e dificuldade para acompanhar objetos com suavidade e precisão.
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Disartria: Assim como na AMS P, a disartria, ou dificuldade para falar devido à falta de controle muscular, também pode estar presente na AMS C, resultando em fala arrastada, lenta ou pouco inteligível.
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Outros sintomas autonômicos e motores: Com a progressão da doença, pacientes com AMS C podem desenvolver sintomas autonômicos semelhantes aos observados na AMS P, como problemas urinários, constipação grave, hipotensão ortostática e disfunção sexual.
O tratamento da atrofia de múltiplos sistemas C concentra-se no manejo dos sintomas e pode incluir terapia física e ocupacional para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida, além de medidas voltadas para lidar com os problemas autonômicos e outros sintomas associados. Assim como na AMS P, atualmente não existe cura para a atrofia de múltiplos sistemas C, portanto o tratamento é direcionado para melhorar a qualidade de vida e preservar a funcionalidade ao longo da evolução da condição.

Sintomas comuns da atrofia de múltiplos sistemas
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Problemas no controle do movimento, incluindo tremores, rigidez muscular e dificuldades para caminhar.
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Disfunção autonômica, que pode manifestar-se como hipotensão ortostática (queda da pressão arterial ao ficar em pé), problemas de controle da bexiga, constipação severa, dificuldades para regular a temperatura corporal e disfunção sexual.
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Alterações na função cognitiva e mudanças no estado de ânimo, embora esses sintomas sejam mais frequentes nas fases avançadas da doença.
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Problemas respiratórios, como apneia do sono e dificuldades para engolir, que podem aumentar o risco de pneumonia por aspiração.
A atrofia de múltiplos sistemas é uma doença progressiva e atualmente não possui cura. O tratamento concentra-se no manejo dos sintomas e pode incluir medicamentos para controlar os problemas motores, terapia física e ocupacional para melhorar a mobilidade e a qualidade de vida, além de medidas voltadas para lidar com os problemas autonômicos e outros sintomas associados.
Conclusão
Apesar de suas diferenças, ambos os subtipos compartilham sintomas autonômicos e motores que afetam de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento atual concentra-se no manejo dos sintomas e na melhoria da funcionalidade e da qualidade de vida, já que não existe cura definitiva para a atrofia de múltiplos sistemas. A investigação contínua é essencial para compreender melhor a patogênese da doença e desenvolver abordagens terapêuticas mais eficazes para enfrentar essa condição devastadora.
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